Nos últimos anos, um fenômeno silencioso tomou conta das telas de cristãos (e não-cristãos) ao redor do mundo. Sem o orçamento de Hollywood ou a máquina de marketing dos grandes estúdios, uma série sobre a vida de Jesus, financiada por crowdfunding, tornou-se um sucesso global. Estamos falando de “The Chosen” (Os Escolhidos).
Em um mundo carente de produções que tratem a fé com seriedade, a série surge como um alento. Mas ela resiste a uma análise pela ótica da “Cosmovisão em Cena”? Como eu do blog “Palavra Viva” enxergo essa produção?
A resposta curta é: sim, “The Chosen” é uma bela produção e vale a pena assistir. Mas, como acontece com toda mídia, ela exige discernimento.
1. Os Acertos: A Humanidade da Graça
O maior trunfo de “The Chosen” é sua perspectiva. A série, como o nome sugere, foca nos escolhidos. Ela dedica tempo para construir a vida antes do chamado.
Vemos um Simão Pedro temperamental e afogado em dívidas; um Mateus metódico, visto como traidor por seu povo; uma Maria Madalena quebrada por seus demônios; e um Nicodemos lutando para conciliar sua fé com sua posição no Sinédrio.
A série também nos presenteia com um Jesus acessível. Um Jesus que ri, que dança em um casamento, que acampa com seus discípulos e que ensina com paciência e humor. Ele consegue nos transmitir a sensação do Jesus profundamente humano, sem nunca deixar de ser divinamente soberano.
Ao fazer isso, “The Chosen” nos ajuda a sentir o peso da graça. Jesus não veio para super-heróis; Ele veio para pessoas reais, complicadas e falhas. Como nós.
2. O Alerta Essencial: “The Chosen” é uma Obra de Ficção
Aqui, precisamos ser claros e diretos. Embora baseada nos Evangelhos, “The Chosen” é uma obra de ficção histórica.
O que isso significa? Significa que os roteiristas tomaram liberdades criativas significativas. A grande maioria dos diálogos, as histórias de fundo (como a vida familiar de Mateus) e as interações entre os discípulos são interpretações artísticas.
Os espectadores atentos e estudiosos da Bíblia notarão, sim, algumas falhas e inconsistências em relação à fidelidade total do texto bíblico. A série preenche as lacunas que a Bíblia propositalmente deixou em branco, e o faz para criar uma narrativa televisiva envolvente.
Isso é errado? Não necessariamente, desde que saibamos exatamente o que estamos assistindo: uma dramatização, e não um documentário.
3. O Ponto Inegociável: A Série NÃO Substitui a Bíblia
Este é o ponto mais importante de toda a nossa análise. “The Chosen”, por mais bela e emocionante que seja, não substitui, e nunca poderá substituir, a leitura, o estudo e a meditação na Palavra de Deus.
A série é uma interpretação humana; a Bíblia é a Palavra inspirada e inerrante de Deus.
Atenção: Devemos ter o cuidado de não formar nossa teologia ou nossa imagem de Jesus com base em uma série de TV. A autoridade final, nossa única regra de fé e prática, é a Escritura (Sola Scriptura).
Se assistida corretamente, “The Chosen” pode ser uma excelente ferramenta de imersão. Ela nos ajuda a visualizar o contexto cultural da opressão romana e do sistema religioso da época. Ela pode despertar nossa curiosidade e nos fazer perguntar: “Como isso aconteceu exatamente na Bíblia?”
Use a série como um aperitivo que abre o apetite para o verdadeiro banquete, que é a Palavra.
Vale a pena assistir. “The Chosen” é, sem dúvida, uma bela produção que tem conseguido quebrar barreiras e apresentar a pessoa de Jesus de uma forma que toca os corações. Ela pode nos emocionar, nos inspirar e nos fazer sentir mais próximos das pessoas que caminharam com o Mestre.
Contudo, ela deve ser assistida com discernimento ativo. Use-a como um ponto de partida para conversas em família e em pequenos grupos. Admire a arte, mas se apegue firmemente à Verdade.
Como Jesus disse a Filipe: “Venha e veja”. Mas faça isso lembrando onde a Verdade real e imutável reside.
Se você quer tirar suas próprias conclusões (e maratonar com a Bíblia ao lado!), a série “The Chosen” está disponível no Amazon Prime Video.
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Deus abençoe você!
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