Os 4 Solos do Coração: Onde a sua Fé está Realmente Plantada?6 min read

 

Sabe aquela emoção que a gente sente na igreja? A música arrepia, a palavra mexe com a gente, e saímos com o coração quentinho. Isso é maravilhoso! Mas, vamos ser sinceros: quanto tempo essa sensação dura?  Só até a primeira dificuldade da semana?

É como uma folha bonita, que balança com qualquer vento de emoção, mas que não tem nada que a segure. É  muito barulho, muita empolgação, pouco conteúdo e no fundo, não tem raiz.

No primeiro vento… a folha voa longe.

Jesus falou exatamente sobre isso em uma das suas histórias mais famosas: a Parábola do Semeador.

A História que Jesus Contou (e que Explica Tudo)

 

Em Mateus 13:1-9, Jesus conta que um semeador saiu a semear. Enquanto ele jogava as sementes (que representam a Palavra de Deus), elas caíram em quatro tipos diferentes de solo (que representam o nosso coração):

1. À beira do caminho: A semente nem entrou. Os pássaros vieram e comeram.
2. Em solo rochoso: A semente brotou rápido, mas como a terra era rasa, não criou raiz. O primeiro sol forte a queimou.
3. Entre espinhos: A semente até tentou crescer, mas os espinhos (as preocupações da vida) a sufocaram.
4. Em boa terra: A semente cresceu, criou raiz e deu muitos frutos.

Essa parábola não fala de quatro “terrenos” dentro de nós, mas de quatro tipos de pessoas. E é aqui que precisamos nos autoexaminar.

 

O Diagnóstico: Que Tipo de Coração Eu Tenho?

 

Vamos olhar com honestidade para os três primeiros solos e ver se nos identificamos:

1. O Coração “Beira do Caminho”

 

É o coração duro, seco, “esturricado”. A Palavra de Deus é ouvida, mas ela “bate” e não penetra. Não faz sentido, não entra. A pessoa ouve, ouve e ouve, mas aquilo nunca é acolhido. Como a semente ficou “sobrando”, o maligno (o pássaro) vem e simplesmente a leva embora.

 

2. O Coração “Cheio de Pedras” (A Fé ‘Folha’)

 

É a pessoa da “empolgação”. Ela ouve a palavra e a recebe com alegria! É a pessoa da sensação, da explosão de sentimentos.

O problema? Não tem profundidade. É terra rasa. Não tem raiz.

Essa pessoa ama a música que a emociona, a palavra de vitória que recebe, mas não tem conteúdo. Não aguenta a primeira luta. Quando o sol da perseguição ou da angústia bate, ela murcha e se escandaliza. É aquela pessoa que vive no 8 ou 80: ou está eufórica ou está em agonia, culpando Deus por tudo.

Acompanha com interesse tanta “baboseira” da internet, mas não conhece a Palavra. Se alguém citar Filemon, (um livro de UMA página!) ou quaisquer livros da bíblia por mais conhecidos que sejam, não sabe do que se trata. Mas sabe de cor a última polêmica do TikTok ou Instagram. Isso é ser “folha”.

3. O Coração “Sufocado”

 

Aqui a terra até é boa. A pessoa recebeu a palavra, ela entendeu. O problema é que tem coisa demais plantada junto.

Jesus disse que os “espinhos” são os cuidados do mundo e a fascinação das riquezas.

É a pessoa que mistura tudo. Ela come a “salada” (a Palavra), mas logo em seguida come cinco “cachorros-quentes” (o lixo do mundo). Ela ouve a Palavra de Deus, mas dá o mesmo peso, ou até mais, às opiniões bizarras do mundo.

Jesus não é o Senhor da sua vida; Ele é só mais um no meio de tantas outras prioridades. Ele vira um “balcão” onde pedimos coisas (um emprego, um casamento, dinheiro), mas Ele mesmo não é o que queremos. Essa semente, cercada de espinhos, não vai crescer. Ela vai morrer sufocada.

A “Raiz”: A Transformação que Acontece por Dentro

 

Mas e a boa terra? O quarto tipo de pessoa?

Jesus diz que é aquele que ouve, compreende e acolhe a Palavra. É aqui que a “raiz” começa a crescer. E aqui está a parte mais incrível, que muitas vezes entendemos errado.

Receber a Palavra não é como uma pílula mágica: a gente engole e, de repente, fica forte para ‘sair quebrando tudo’ por aí. Não é isso.

A semente da Palavra de Deus, quando cai na terra boa, começa a crescer para dentro.

Ela começa a enraizar para dentro de nós. Ela começa a nos confrontar. Ela vai crescendo começa a tomar conta de tudo o que temos lá dentro.

Pense no que acontece quando uma pequena semente encontra uma fresta em uma rocha enorme. Ela começa a criar raízes, silenciosamente, para dentro. Conforme essas raízes crescem, elas ganham uma força imparável. Elas se expandem e, de dentro para fora, começam a rachar e quebrar aquela pedra dura que parecia indestrutível.

Na nossa vida espiritual, nós somos a rocha.

Nós somos esse coração duro, o “coração de pedra” (Ezequiel 36:26), cheio de orgulho, pecado, egoísmo e ideias tortas. E Jesus joga a Divina Semente (a Palavra) dentro de nós. Ela começa a crescer, criar raiz e a nos rasgar por dentro. Ela começa a quebrar e matar o nosso velho “eu”.

Começamos a reconhecer nossas misérias, nossas loucuras, a olhar para o que pensávamos e a sentir vergonha. Ela muda nossos valores, nossa ética, nossa maneira de ver o mundo.

Onde antes “explodíamos de raiva”, agora ouvimos em nosso coração: ‘Seja paciente’. Onde antes queríamos nos vingar, agora ouvimos dizer em nosso coração: ‘Retribua o mal com o bem’.”

Não é Mágica, é Processo

 

Essa transformação não acontece numa “noite de poder “. Não é um evento. É um processo.

Dia após dia, essa Semente vai criando raiz, nos confrontando e nos matando, para que uma nova pessoa surja. Um novo ser, com a mente de Cristo, vai vindo à tona.

É por isso que, nas lutas, não somos levados pelo vento como a “folha”. Temos uma base sólida. Temos raiz. É inexplicável, mas no meio da maior dor, a Palavra de Deus brota dentro de nós e nos sustenta.

Até que um dia, podemos dizer como Paulo em (Gálatas 2:20): “Não sou mais eu quem vivo, mas Cristo vive em mim”.

Que tipo de fé você tem vivido?

Não se contente em ser “folha”. Não deixe os “espinhos” do mundo sufocarem o que Deus plantou. Permita que a Palavra de Deus não seja apenas algo que você ouve, mas algo que crie raiz dentro de você, mesmo que doa.

Deixe essa Divina Semente quebrar a “rocha” que ainda mora aí. Só assim teremos uma fé com raízes, dando frutos que glorificam a Deus.

Aleluia! Que o Senhor abençoe você!